Mortalha

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terça-feira, 16 de junho de 2009

[Insira Aqui] em estilo Mangá! - Parte 2

A grande proposta do mangá é mostrar para nós mesmos o nosso cotidiano e estilo de vida, de uma maneira exagerada e muitas vezes fantasiosa. As histórias em quadrinhos de outros países sempre estiveram presas aos mesmos temas, até a época em que o mangá foi criado. Desde o princípio, os mangakás se inspiravam e usavam como base os personagens, as histórias e a narrativa dos super-heróis americanos. Usavam também os personagens cartunescos, a animação de Walt Disney. Mas eles digeriram tudo isso junto de sua própria cultura, transformaram tudo aquilo em algo novo.
Acho natural que leiamos os mangás japoneses, claro, assim como os japoneses liam - e ainda adoram ler - histórias em quadrinhos estrangeiras. Mas porquê produzir histórias usando estritamente o mesmo estilo, a mesma narrativa, a mesma linguagem e muitas vezes a mesmíssima mensagem dos mangás nipônicos? Isso vai justamente contra a proposta do mangá.

E é nesse aspecto que reafirmo que a Turma da Mônica Jovem - assim como Holy Avenger - foi algo bom para o mangá brasileiro.
Mostrou para todos que é possível criar algo muito brasileiro, que agrade à nossa cultura - porque fala dela. Não gosto quando vejo produções - editoriais ou independentes - falando ou usando uma cultura que não nos pertence. Também não gosto quando vejo tantos e tantos fãs de mangás 'torcendo o bico' para produções nacionais, uma vez que estão imersos e só passam a aceitar a mensagem dos mangás japoneses.
Um ótimo exemplo para mostrar essa principal lição que o mangá nos deu, é a 'Nouvelle Manga', do fantástico Frederíc Boilet.

Frederic, descobriu que era possível misturar coisas aparentemente impossíveis de se misturar, como o mangá, os quadrinhos europeus e a narrativa do cinema francês. Dali surgiram obras de arte, como 'O Espinafre de Yukiko', já publicado aqui no brasil. Isso é a prova de que o mangá pode sim se renovar em algo inteiramente inédito, longe de sua superficialidade. Para isso basta que busquemos inspiração no nosso verdadeiro cotidiano. É possivel usar até mesmo a narrativa, a linguagem e o estilo do desenho japonês - desde que saibamos usar uma mensagem apropriada ao público nacional.
Assim - e somente assim -, estaremos sendo verdadeiros mangakás brasileiros, e não artistas ilhados, produzindo peças que agradam somente a um pequeniníssimo público.

Falei demais, e cheguei mais longe do que queria, hehe.
Abraços!

*uma pequena correção. Obviamente, a publicação é da Ediouro, pelo selo Pixel.